“O homem é pleno de si mesmo quando é senhor de sua vontade e escravo de sua consciência” (Viktor E. Frankl).
Vivemos em uma época em que muitas pessoas anularam sua humanidade, ou foram sequestradas da mesma.
Estas, se esvaziando de si, foram substituindo o “bem”, representado por valores morais e éticos, pelo “bom”, representado exclusiva e principalmente por “prazer, poder e posse”, de modo insaciável. Precisaram, então, preencherem-se com o consumo de coisas, de forma imperiosa. Enfraqueceram-se perante os “nãos” e limites da vida. Não suportam mais renunciar e adiar satisfações, quando necessário.
A erva daninha massificadora do materialismo foi se esparramando e atingindo as pessoas que cederam a ela. Desenvolvidas neste meio, passaram a crer que só “valem alguma coisa” quem tem muito.
Desta forma foram perdendo a genuinidade, suas características humanas, especialmente a de amar. Amar ao próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas... Por não se amarem passaram a não se respeitarem mais. Quanta falta de caridade, de perdão e de fé em si próprios! Em vez de usarem “as coisas”, estas passaram a usá-los e a determinarem suas ações.
Viktor Frankl nos deixou um termômetro para medirmos nossa maturidade e equilíbrio nos apontando a frase maravilhosa, mas igualmente comprometedora, com a qual iniciamos esse artigo. Não há desculpas para: -“Ah não aguentei, quando vi:- quebrei meu regime alimentar..., tomei o primeiro gole de álcool..., trai meu cônjuge..., comprei o que não podia..., e assim por diante.
Somos donos de nossas vontades! Não são elas que devem nos dominar. Nós é que devemos decidir o que fazemos com as mesmas. Pe. Eduardo, de Campinas, para vencer seu tabagismo um dia equilibrou verticalmente um cigarro no chão e olhando em pé, lá embaixo, para o mesmo disse: “O quê? Você deste tamanhinho quer mandar em mim”?
Deus Pai, desde o princípio da criação dos homens, nos abençoou e nos deu o poder de dominar os animais (Cf Gn 1,27-28). E o primeiro animal a ser dominado é o que existe em nós, com todos os seus impulsos, e vontades.
Jesus Cristo, em tudo se fez como nós, menos no pecado, e nos ensinou na prática a administrarmos nossas vontades, dominando-as quando necessário – quando estas não forem um “bem” para nós e para os outros, e sim somente “bom” para nós. Dotou-nos através de Seu Santo Espírito com o dom do autodomínio e da fortaleza, para superarmos o desequilíbrio de ficarmos à mercê da nossa vontade, outorgando a ela a direção de nossas vidas.
Se nos enfraquecemos e não vencemos a escravidão imposta pelo materialismo e suas sugestões de necessidades “para sermos felizes a qualquer preço”, a despeito dos valores, dons e graças que Deus nos concede, está na hora de pararmos, refletirmos e buscarmos socorro em Deus para que nos indique o caminho de volta à nossa verdadeira identidade humana e assim fortalecermo-nos para experimentarmos a alegria e a paz, mesmo frente aos “nãos” e aos sofrimentos que porventura tivermos que enfrentar.
Força de Deus para nós.